sábado, 30 de julho de 2011

Driblando o vulcão, estações de inverno do Chile oferecem pistas perfeitas e banhos termais

 

Autores: Ana Lucia Azevedo (ala@oglobo.com.br), Alexandre Cassiano (alexandre.cassiano@oglobo.com.br) e Fernanda Dutra (fernanda.dutra@oglobo.com.br)

Teleférico leva para o alto da estação de esqui na base do vulcão de Villarica, em Pucón, no Chile/ Foto de Alexandre Cassiano

PORTILLO - Cercado por alguns dos gigantes mais imponentes das Américas e encravado na face sul dos Andes, que recebe de frente o vento gélido da Antártica, Portillo não tem TV por um abençoado capricho de seu proprietário e se rendeu a contragosto ao wi-fi. É um lugar para esquiar, respirar a cultura da neve e compartilhar pistas - e desafiadoras encostas não demarcadas - com alguns dos maiores nomes do esqui mundial. Se, na realidade, você não gosta de esqui e de snowboard, melhor procurar outras paragens. Mas se a neve é a sua praia, este é o lugar. Dias de sol e neve pó (seca e perfeita) garantem boas descidas. Já outras estações chilenas investem na diversidade. Chillán tem terapias com lama vulcânica em seu spa e passeios de snowmobile em pistas junto a florestas. Pucón é famosa por formações que fazem snowboarders delirar e oferece banhos termais em águas aquecidas pelo vulcão Villarrica. E Valle Nevado - que nesta temporada abriu mais tarde porque a neve chegou com atraso - é sempre uma opção próxima a Santiago.

A Laguna do Inca, com os Tres Hermanos ao fundo: vista do quarto de Portillo, no Chile/ Foto de Ana Lucia Azevedo

Reza a lenda que a Laguna do Inca, o lago glacial no centro do vale de Portillo, em frente ao hotel que sedia a estação homônima, é encantada. Guarda a magia da princesa inca Kora-Lle. Ela morreu de amor e seu espírito vive no lago. Mas, se espíritos existissem, imagino que habitariam as montanhas. A princesa flanaria pelas encostas nevadas, desceria o platô de Portillo animada. Não fica bem para uma princesa ser um fantasma atormentado de fundo de lago. Melhor ser o vento que traz o frio e a neve e, consequente, a vida para a estação.

Portillo é muito mais jovem do que os incas, mas orgulha-se de ser a mais antiga e tradicional estação de esqui da América do Sul, data do fim dos anos 40. Foi a família do atual proprietário, o americano Henry Purcell, que viu no vale mergulhado nas sombras dos Andes o local perfeito para um empreendimento do gênero. Apostou alto e ganhou. Seu hotel amarelo domina o vale, a 2.880 metros de altitude, a apenas seis quilômetros da fronteira com a Argentina.

Hoje Purcell recebe em sua estação estrelas do esqui, como a americana Lindsey Vonn, um dos maiores nomes do esporte no mundo. Lindsey, como tantos outros, vai aos Andes atraída pela boa neve e encostas desafiadoras, embora Portillo também tenha pistas para iniciantes e intermediários. A estação se dá ao luxo de manter um magic carpet, trivial nos Estados Unidos mas raridade nos Andes. Trata-se de uma esteira que leva esquiadores a pistas fáceis - uma bênção para quem se inicia no esqui e no snowboard. Isso associado a uma estrutura voltada diretamente para o esporte e a troca de experiências - Purcell continua firme na recusa em permitir TV por lá, pois atrapalha o convívio - dá a Portillo uma atmosfera diferente das demais estações.

- Investimos em tecnologia, mas não abrimos mão da tradição. Não é um lugar para multidões, mas para quem ama a cultura da neve, do esqui - diz ele.

Portillo fica no fundo do vale, a 2.880 metros e sua pista mais alta sobe a 3.310 metros. É cercado por gigantes da Cordilheira Central dos Andes. São montanhas como Ojos de Água, de 4.222 metros, onde fica a mítica pista Roca Jack. Ao longe se vê La Parva (4.831 metros) e os Tres Hermanos (4.751, 4.595 e 4.274 metros). Eles formam paredes de gelo, neve e rocha cuja imensidão se rende sob a majestade do Aconcágua, ponto culminante das três Américas, com 6.962 metros, bem perto dali, na vizinha Argentina. No inverno até mesmo o Sol parece se intimidar nessa terra de gigantes. O resultado é um paraíso para o esqui, com neve seca nas encostas, e dias de bom tempo. O alvorecer e o crepúsculo são luzes indiretas, o Sol nasce e se põe atrás das montanhas, dando-lhes uma moldura dourada.

Os dias são ensolarados - a secura do centro dos Andes garante a Portillo bom tempo em 80% do ano - mas o sol só incide diretamente sobre as encostas por pouquíssimo tempo no inverno. Com isso, a neve não derrete. Ou seja, há boas condições climáticas e considerável quantidade de neve. Prova disso é que Portillo foi a única estação chilena com neve suficiente para abrir no fim de junho, quando todas as demais estavam fechadas.

Para esquiadores experientes, como a suíça Heidi Knaus, as montanhas ali têm magia.

- O espírito dessas montanhas está em toda parte - diz Heidi, figura lendária do esqui.

Quando tinha 5 anos, ela ia para a escola esquiando. Morava no vilarejo de Unterwasser, nos Alpes suíços. E esquiava para fazer praticamente tudo. Hoje, 54 anos depois, Heidi continua a esquiar por ofício e diversão. No inverno do Hemisfério Norte permanece nos Alpes natais, mas mudou-se para a badalada St. Moritz. No nosso inverno troca os Alpes pelos ainda mais grandiosos Andes. Dá aulas com empolgação e confiança de níveis estratosféricos e confidencia sua paixão por esquiar em noites de Lua cheia.

Pinguins em ação: à noite, no meio das pistas, a equipe nivela o piso e faz neve, quando necessário em Portillo, no Chile/ Foto de Ana Lucia Azevedo

Magia ou não, as pistas não amanhecem impecáveis por obra de princesas incas ou espíritos similares. É trabalho de gente de carne e osso, a equipe comandada pelo americano Michael Rogan. Desde 1989 em Portillo, Rogan sabe tudo de neve. Ele até faz neve. Já foi instrutor de esqui, diretor da escola da estação e hoje é vice-diretor geral. Comanda os "pinguins" que entram em ação quando as pistas fecham e a noite chega. Pinguim é o apelido carinhoso com que Rogan chama os operadores de trator de neve e outros homens que suportam temperaturas negativas madrugada adentro para preparar as pistas. Eles abrem vias em encostas íngremes, tiram blocos de pedra e gelo do caminho. E ainda operam os canhões de neve que entram em ação quando a natureza tira folga.

É um trabalho duro e gelado. Os homens se revezam em turnos de duas horas, limite para trabalhar em segurança em condições hostis, no escuro das noites geladas dos Andes. A única luz depois que o Sol se vai é a dos faróis dos tratores e das lanternas. Muitas vezes, o trabalho só acaba com a volta do Sol, já dia claro, antes de as pistas abrirem.

- Só mesmo tendo disposição de pinguim. É muito frio - diz Michael Rogan.

Um desses homens é Angel Custodio Caiceo, operador de trator de neve há 19 anos e motorista profissional há 38. Como seus companheiros, ele também é um esquiador experiente, que conhece bem as montanhas onde trabalha. E. melhor ainda, o trator cheio de controles sofisticados. Mas fazer neve é um trabalho que mistura técnica e intuição. Ela é produzida quando jatos d'água bombeada do lago são aspergidos no ar gelado, formando uma neblina que se torna neve ao cair.

- A receita de neve inclui temperatura, vento, umidade do ar e gente certa na hora certa - diz Rogan - É frio, mas maravilhoso também.

Cinza para exportação

Este não foi o primeiro ano em que vulcões chilenos cobriram de cinzas as estações da Argentina. Em junho, por obra do vento, as cinzas dos vulcões do complexo de Puyehue-Cordón Caulle foram levadas para o outro lado dos Andes e afetaram Bariloche, Chapelco e até mesmo a distante Ushuaia, no extremo Sul do continente. Enquanto isso, Portillo continuou branca e acessível. E as estações do Sul chileno como Chillán e Pucón nem de longe tiveram os problemas argentinos.

Em 2010 o Chaitén, no Sul chileno, entrou em erupção após dois mil anos de sono. Ele causou problemas na cidade homônima. Mas as estações chilenas escaparam enquanto Bariloche amargou prejuízos, coberta de cinzas.

Quente e frio: em Chillán, águas termais e passeios de moto

Spa com tratamentos em águas termais é um dos maiores atrativos da estação de Chillán, no Chile/ Foto de Fernanda Dutra

Nos fins de tarde no Gran Hotel do resort de esqui Termas de Chillán, a 450 quilômetros ao sul de Santiago, as pesadas roupas térmicas dão lugar a trajes de banho. Depois de curtir o dia nas pistas, nada melhor do que assistir ao pôr do sol entre os picos nevados da Cordilheira dos Andes na piscina de águas termais, com uma temperatura média de 37ºC.

A viagem é longa: de Santiago, ou se pega um trem em uma rota que leva cerca de cinco horas; ou um avião até Concepción (50 minutos de voo) e então um transfer para mais 2h30m na estrada. Mas vale a pena: só nos últimos quilômetros até o Gran Hotel se vê a neve. Ao redor, a floresta é frondosa, com árvores frutíferas que colorem a paisagem, como que enganando os olhos para a imensidão branca logo à frente. Cachoeiras e rios chamam a atenção em meio à montanha. Na chegada, o pisco sauer (a caipirinha chilena, com aguardente de uva, clara de ovo, açúcar e gelo) recebe os hóspedes - cortesia comum na região.

Indicado para o World Travel Awards de 2011 como o melhor resort de esqui da América do Sul, o Termas de Chillán se diferencia por apostar tanto nas atividades outdoor como nas indoor. Quem esquia tem mais de dez mil hectares para explorar na região - com pistas em quatro níveis de dificuldade (para iniciantes, fácil, intermediário e difícil). Quem não esquia pode passar o dia na piscina ou no spa, cujo carro-chefe são as terapias com lama vulcânica. Mas um dia perfeito em Chillán alia os dois tipos de atividade. Nada como voltar da montanhas direto para as águas aquecidas. Ou fazer uma massagem relaxante depois de esquiar.

Dentro do resort, há duas pistas para iniciantes - uma onde os pequenos a partir de 4 anos descem sem embaraços; outra mais íngreme e desafiadora. Em comparação a outras cidades chilenas famosas por suas pistas, Chillán está mais abaixo, a 1.525 metros do nível do mar - o que, segundo os instrutores, torna o clima mais ameno e mais fácil de encarar sobre o esqui. Nos pacotes, normalmente estão inclusas aulas a quem não sabe esquiar. Antes de se aventurar, aproveite algumas dicas.

Para os mais experientes, há uma estrutura com 32 pistas, incluindo a mais longa da América do Sul, a Três Marias - com 13 quilômetros de extensão (que é considerada fácil), e nove teleféricos. Essa área é pública, e administrada pelo resort Nevados de Chillán. O passe diário custa 30 mil pesos, o equivalente a R$ 100. Os meios de hospedagem da região oferecem transporte regular para as pistas durante o dia.

Passeios de snowmobile em Chillán, estação no Chile, duram cerca de 15 minutos/ Foto de Fernanda Dutra

Unanimidade entre experientes e iniciantes é o passeio sobre as snowmobiles (R$ 16), as motos de neve. O roteiro dura pouco mais de 15 minutos e dá para dirigir ou subir na garupa, com veículos para os adultos e especiais para os pequenos. A velocidade não passa muito dos 40 quilômetros por hora. E é uma boa forma de conhecer a região, curtindo a paisagem sem a exigência dos esquis de se manter sempre alerta; além da delícia de sentir o vento frio no rosto.

Até 2007, a concessão para explorar as montanhas e os vulcões da região - o Viejo e o Nuevo, que ficam a sete quilômetros da estação de esqui - estava a cargo de Termas de Chillán e as piscinas coberta e descoberta do Gran Hotel eram abastecidas com a água sulfurosa encanada a partir dos vulcões. Desde então, as águas passaram a vir de fontes termais mineralizadas, ricas em cálcio.

Mas, se as propriedades medicinais do enxofre não estão mais nas águas, nas terapias com lama vulcânica é possível aproveitá-las ao máximo. Há tratamentos de fangoterapia só para as mãos (indicada para quem tem artrite), para o rosto (a única em que a lama é resfriada) e para o corpo inteiro. A diretora do spa, Ines Trancoso, ressalta os benefícios estéticos e medicinais:

- Antigamente, as pessoas iam diretamente às fumarolas, fendas próximas aos vulcões de onde saem vapor e lama. Além do enxofre, há magnésio, ferro, zinco, fósforo e silício com propriedades anti-inflamatórias, calmantes e estimulantes. Esteticamente, a lama trata celulite e envelhecimento da pele.

O tratamento mais tradicional, para o corpo inteiro (R$ 92), dura cerca de 40 minutos e não é muito confortável já que, além da lama, você está envolto em plástico e papel por uns 20 minutos. Mas é surpreendente como a pele fica lisinha depois - o tipo de terapia que, regularmente, faria um bocado de gente hesitar diante do botox.

O relaxante encontro das águas de Pucón

A chegada a Pucón, após quase dez horas de viagem de ônibus, é recompensada pela bela paisagem. Do terminal rodoviário já é possível avistar o vulcão Villarrica completamente coberto de neve e um sinal de boas-vindas: uma bandeira do Brasil pendurada na janela de um dos hotéis que ficam no Centro. A cidade com construções baixas e feitas de madeira conta com uma estrutura muito boa de lojas de roupas e equipamentos para neve.

Caminhando por alguns minutos logo se percebe, através dos anúncios nas portas das várias agências, o que a região pode oferecer. São muitas as ofertas de passeios guiados, que vão desde banhos em águas quentes das várias termas dentro do parque até uma subida à boca da cratera do Villarrica, passando, claro, pela estação de esqui.

Nas Termas Geométricas, piscinas com temperaturas de 40°C: água vulcânica misturada à de degelo em Pucón, no Chile/Foto de Alexandre Cassiano

Para quem quiser experimentar um banho nas águas aquecidas pelo vulcão, vale muito a visita às termas que ficam mais ou menos a uma hora e meia de carro, boa parte nas margens do Lago Villarrica, passando pelos hotéis e mansões ocupadas pelos chilenos no verão. Entre elas, as consideradas mais bonitas são as Termas Geométricas, com toda justiça. Um conjunto de passarelas vermelhas leva a uma cachoeira e várias piscinas pelo caminho que recebem as águas saídas da terra com 90ºC, aquecidas pelo vulcão. Graças à mistura com a água do rio, formado pelo degelo, a temperatura das piscinas fica em torno dos 40ºC.

O visitante pode escolher qualquer uma das piscinas. Ao lado de cada uma delas, pequenos vestiários com armários para as roupas e banheiros dão mais comodidade. Na entrada principal os turistas recebem toalhas que são deixadas no mesmo lugar na saída. Ainda contam com uma área abrigada do frio e aquecida por uma lareira que fica no centro de um salão cercado de vidro e com um balcão com opções de pequenas refeições, bebidas e chá. Todo o programa faz perceber que mergulhar em águas bem quentes cercado pelo frio intenso e neve em alguns pontos é mesmo uma experiência para se guardar para sempre.

Para quem gosta de jogar, a opção da cidade é o cassino Enjoy Pucón, cujo restaurante, o internacional Amura Trattoria, só funciona à noite. O complexo, que ainda tem uma agenda frequente de shows, fica às margens do Lago Pucón.

De volta à cidade, a maioria dos restaurantes fica na Rua Fresia, o que facilita na hora de escolher entre uma parrillada ou uma pizza. O povo é amistoso. Os moradores adoram conversar para tentar aprender algumas palavras em português, já que a cada o inverno o número de turistas brasileiros cresce na cidade e saber o idioma dos clientes é fundamental para quem vive do turismo local.

Crianças se divertem nas pistas de Pucón, no Chile/ Foto de Alexandre Cassiano

Quem se prepara para enfrentar as pistas consegue com facilidade alugar roupas ou qualquer equipamento para esqui ou snowboard tanto na cidade quanto na própria estação de esqui. Já devidamente equipado, você inicia as aulas com um dos vários instrutores logo depois de subir no teleférico e chegar ao Café. A construção fica no meio das várias pistas de diferentes níveis de dificuldade que existem na estação e onde se pode sentar ao ar livre, em um deque enorme, ou abrigado do frio, e comer sanduíches, que vêm acompanhados de batata frita e refrigerante vendidos na lanchonete que divide o espaço com um bar e várias mesas, com uma linda vista para o Lago Villarrica. Toda área é monitorada por uma equipe de resgate que fica espalhada pela montanha e está sempre atenta a todos os visitantes.

SERVIÇO

COMO CHEGAR

Portillo:Fica a 163 km de Santiago. O transfer do aeroporto de Santiago ao resort (ida e volta) custa R$ 185 por pessoa ou R$ 605 (1 a 4 passageiros). Reserva: traslados@skiportillo.com

Chillán: De Santiago a Chillán, pelo trem TerraSur, por volta de R$ 50. De avião, pega-se um voo de Santiago a Concepción e um transfer de lá à Chillán, por R$ 120.

Pucón: Há voos de Santiago a Temuco, de onde se faz o percurso de 100 km de ônibus até Pucón por empresas como a Buses Jac ( jac.cl ), com passagens por R$ 15 (ida e volta). Da capital até lá são 780 km e a passagem custa R$ 65 (ida e volta).

ONDE FICAR

Portillo

Hotel Portillo: Sete noites, passes de esqui, refeições por R$ 3.850 por pessoa (a partir de 30 de julho e mês de agosto). skiportillo.com

Chillán

Gran Hotel: Sete noites por R$ 2.120 por pessoa (meia-pensão). Camino a Termas de Chillán, km 78. Pinto. Tel. 56 (42) 434-200. termaschillan.cl

Nevados de Chillán: Diária a R$ 270 por pessoa (meia-pensão). Camino Termas de Chillán, km 80, Pinto. Tel. 56 (42) 206-100. nevadosdechillan.com

Pirimahuida: Em Las Trancas, a meia hora das pistas. Sete noites por R$ 1.220 por pessoa (meia-pensão). Camino a Termas de Chillán, km 18. Tel. 56 (42) 434-200. termaschillan.cl

Pucón

Hotel Antumalal: Diárias a R$ 368 (casal com café da manhã). Km 2. Camino Pucón-Villarica. Tel. (56) 45-44-1011. antumalal.com

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/viagem/mat/2011/07/27/driblando-vulcao-estacoes-de-inverno-do-chile-oferecem-pistas-perfeitas-banhos-termais-924990991.asp#ixzz1TbxC98eb

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